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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

29.9.09

DEFESA: SÓ ALGUNS BRASILEIROS NÃO ACORDAM

publicado no Monitor Mercantil de 26, 27 e 28/09/2009, pág. 2 (Opinião).


EDUARDO ITALO PESCE (*)

IBERÊ MARIANO DA SILVA (**)

No Brasil ainda há quem queira discutir se precisamos ou não de Forças Armadas. Muitos dos que antes acusavam o governo brasileiro de sucatear a defesa nacional agora afirmam que os recursos recentemente destinados à área de defesa deveriam ser investidos em educação, saúde ou meio ambiente.

No dia 7 de setembro, os presidentes da França e do Brasil assinaram diversos acordos de cooperação militar. Num novo estaleiro na região de Itaguaí (RJ), serão construídos quatro submarinos de propulsão convencional e um de propulsão nuclear, que deverá incorporar um reator de água pressurizada e máquinas de propulsão desenvolvidas pela Marinha do Brasil.

Os acordos incluem também o fornecimento de 50 helicópteros para as três forças singulares, a serem montados no Brasil. Entretanto, o novo caça da Força Aérea Brasileira só deve ser oficialmente escolhido em outubro, e nenhum dos finalistas foi excluído da disputa. Só o Exército não foi contemplado no “pacote” de encomendas.

Os contratos e financiamentos devem agora ser analisados e aprovados pelo Senado, que tem por atribuição homologar acordos internacionais assinados pelo Brasil. As verbas necessárias à amortização dos empréstimos serão posteriormente incluídas no Orçamento da União, à medida que os recursos forem desembolsados.

Numa democracia, é perfeitamente natural que se questione os critérios que orientam os investimentos públicos, bem como a opção por este ou aquele fornecedor. Contudo, há algumas pessoas que insistem em questionar não o tipo de defesa que mais nos convém, mas a necessidade de possuirmos qualquer defesa.

Talvez por desconhecer como são tomadas as decisões estratégicas, tais pessoas partem erroneamente do pressuposto de que não existe qualquer ameaça externa à segurança do Brasil. Assim, ao optar por desenvolver seu poder, o País estaria criando problemas na América do Sul, dando início a uma nova “corrida armamentista” no subcontinente.

As ameaças externas com que pode se defrontar o Brasil, neste início de século, não provém necessariamente de outros Estados, mas também de grupos não-estatais. Contudo, a adequação da capacidade militar convencional é indispensável, para dissuadir possíveis (ainda que improváveis) conflitos entre Estados soberanos na América do Sul.

No Atlântico Sul, há também necessidade de garantir a segurança das reservas de petróleo da plataforma continental brasileira, bem como das linhas de comunicação marítimas de interesse para o País. Podemos afirmar que o recuo estratégico do Brasil vinha causando um vácuo de poder na América do Sul.

Ao buscar a renovação do material de suas Forças Armadas, o Brasil está apenas reagindo (tardiamente, diga-se de passagem) a uma mudança de conjuntura que vinha se delineando há algum tempo. Infelizmente, o anúncio simultâneo de vários programas de reaparelhamento, num só “pacote”, acabou causando um impacto exagerado na mídia.

A questão das aeronaves de caça e dos submarinos vem se arrastando há pelo menos dois mandatos presidenciais. As necessidades materiais das Forças Armadas brasileiras já deveriam ter sido equacionadas. Se o Brasil não tivesse adiado, por tanto tempo, as decisões relativas ao aparelhamento das três forças singulares, nenhuma coincidência teria ocorrido.

Diante das possíveis ameaças assimétricas ou irregulares, especialmente em regiões remotas do território ou próximo às fronteiras terrestres, a capacitação do Exército – além da Marinha e da FAB – é fundamental e não pode ser adiada. Apesar de possuir maior efetivo, a Força Terrestre conta com menos recursos para renovação do seu material.

 Com as medidas anunciadas, o Brasil se colocará como “Estado perturbador”, na América do Sul e no Hemisfério Sul. Esta denominação, cunhada pelo contra-almirante Raoul Castex, pensador estratégico francês do Século XX, aplica-se a todo grande Estado continental que busca tornar-se uma potência marítima.

É inevitável que o Brasil siga por esse rumo, o único capaz de conduzi-lo a uma posição de destaque como ator global, ainda neste século. Como integrante do grupo de potências emergentes, denominado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), nosso país já ultrapassa o estágio de simples potência regional.

A possibilidade de expansão significativa do poder nacional do Brasil incomoda não só às grandes potências, como aos países vizinhos e a certos grupos internos que se auto-intitulam “politicamente corretos”. Não devem surpreender, portanto, os ataques à Estratégia Nacional de Defesa (END) e aos programas e projetos dela decorrentes.

Segundo dados do Siafi 2009, atualizados até 10 de setembro, a dotação autorizada da Defesa é de R$ 52,62 bilhões, dos quais R$ 38,90 bilhões destinados a pessoal e encargos sociais; R$ 242,83 milhões aos juros e encargos da dívida; R$ R$ 7,06 bilhões a outras despesas correntes; R$ 4,99 bilhões a investimentos; R$ 331,60 milhões a inversões financeiras; R$ 404,73 milhões à amortização da dívida; e R$ 687,67 milhões à reserva de contingência. 

Até aquela data, haviam sido efetivamente pagos R$ 28,51 bilhões, dos quais R$ 24,77 bilhões para pagamento de pessoal e encargos sociais; R$ 46,35 milhões para juros e encargos da dívida; R$ 2,73 bilhões para outras despesas correntes; R$ 838,44 milhões para investimentos; R$ 2,11 milhões para inversões financeiras; e R$ 140,72 milhões para amortização da dívida.

 Transcorridos 253 dias (69,31%) do exercício fiscal, portanto, haviam sido executados apenas 54,20% do orçamento autorizado do Ministério da Defesa para este ano.. As despesas de pessoal, que são compulsórias, correspondiam a 63,66% do total previsto de R$ 38,90 bilhões (73,92% da dotação da pasta para 2009). 

Até o momento, o perfil dos gastos e investimentos com a defesa nacional parece não ter sido afetado pela END. Vamos aguardar, para ver se a estratégia anunciada com tanto alarde pelo governo brasileiro, no final do ano passado, não se transforma em mais um “protocolo de intenções”.
(*) Especialista em Relações Internacionais, professor no Centro de Produção da UERJ.
(**) General-de-brigada engenheiro militar, na reserva.




27.9.09

Contradições, Incoerências e Parcerias

Comentário da semana  nº 52
Sinais contraditórios

No âmbito geral, o País progride. Seria para a população estar feliz, e está, em grande parte. Angustía-se quem pensa. Quem vê tornar-se irreconciliável o antagonismos étnico onde antes havia harmonia e miscigenação; vê recrudescerem as diferenças entre os que desejam o progresso e os que o impedem sob o pretexto de conservar intocada a "sagrada" vegetação nativa; vê a escalada dos choques entre os produtores rurais e os movimentos intitulados de sociais, como o MST, e pior que tudo,  a deterioração da autoridade moral do Executivo, Legislativo e do Judiciário que costuma ser o primeiro passo para legitimação de qualquer guerra civil. Esses "pré-requisitos", acrescido da crescente criminalidade acendem a luz amarela quanto ao que nos espera.

A economia vai bem, e isto afasta a luz vermelha enquanto durar. Entretanto com os recursos esvaindo-se na corrupção, no insuportável custo de um legislativo inútil e em benefícios quase sempre mal empregados, a economia somente se manterá caso os dividendos do pré-sal correspondam às melhores expectativas e ainda cheguem a tempo.

Enquanto houver um catalisador - o presd. Lula, a nação atuará razoavelmente unida, ainda que ele tenha incentivado a desunião e o germe do separatismo, mas num próximo governo dificilmente poderão ser controladas as forças centrípetas em gestação, criadas pela inconseqüente política em curso.

Tudo aponta para um choque de grupos irreconciliáveis, e para o repudio da população a qualquer governo que venha a ser. O plano dos pré-candidatos é apenas chegar ao poder. Alguém sabe qual a diretriz de José Serra, a não ser a perigosa ameaça de aplicar as desnacionalizações que pautaram o governo FHC? Dilma mostra algo além de prometer continuar a dúbia política do Lula, nacionalista no pré sal e entreguista no resto? Marina Silva desejosa de acabar com a raça humana em proveito dos bagres?   Ciro nem parece que em 2002 dispunha de um programa definido.  Aécio Neves fala do pós-Lula, que não particulariza. E Heloísa Helena pensa destruir, sem falar na construção.;.

Inaceitável um representante do FHC, o vendilhão da Pátria agora um mascate da liberação da maconha. Inaceitável também uma ex-terrorista ressentida e vingativa. Se a disputa fosse hoje e entre esses dois seria decidida por rejeição. É difícil saber quem tem a maior rejeição, e isto abre caminho para um terceiro candidato, que seria a também inaceitável Marina, a campeã do atraso, agora fantasiada de incorruptível, como se fosse possível evitar que venha a luz o destino das apreensões que fazia quando ministra

Rejeitados esses, ainda pode aparecer um quarto, que pode ser o Ciro ou Aécio, mas que digam a que vieram. Mesmo apresentando uma plataforma coerente, as divergências  exacerbadas em gestação na atual administração dificilmente permitirão uma união nacional para enfrentar as pressões estrangeiras sobre a Amazônia. Um "avant premiere" dessa desunião vimos quando o MST ameaçou badernas em apoio das injustas exigências do bispo-papão Lugo do Paraguai

 

Incoerências

 - A produção agrícola mundial necessita aumentar 70% até 2050 para alimentar a população do planeta que, com 2,3 bilhões de pessoas a mais, chegará a 9,1 bilhões, destaca um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Enquanto isto, no nosso Brasil, o ministério do Meio Ambiente tenta reduzir a área agricultável e exige reflorestamento com vegetação nativa. Tudo indica ainda que o ministério do Desenvolvimento Agrário apóia a atuação pré revolucionária do MST na destruição das propriedades produtivas e do agro-negócio.

- A reserva Raposa - Serra do Sol foi homologada para manter as tradições e costumes indígenas; para isto era necessário acabar com as plantações de arroz. Agora são os índios que manifestam querer plantar e produzir. Bom para o progresso e mau para a cultura indígena. A maior contradição e procurar a orientação do MST para desenvolver; logo o MST, que nada produz e só luta contra o desenvolvimento. Enfim, mesmo contraditoriamente, tudo pode mudar. O MST pode até virar produtor e os índios do CIR os defensores da fronteira. Quem me disse isto foi o Papai Noel

- O desmatamento na Amazônia foi feito para produzir. Para o Minc tiroso isto é um crime horrível. Enquanto isto iniciou hoje mais um incêndio florestal na Califórnia (EUA), sobre as colinas de Fillmore.  Incêndios  lá não tem importância ambiental

 

Parceria Brasil França - A Guerra é a continuação da Política.

O valor de submarinos nucleares ficou evidente na guerra das Malvinas, onde sua simples presença manteve inativa toda a esquadra argentina, após o torpedeamento do Belgrano. Isto foi um feito notável, mas o verdadeiro valor dos submarinos nucleares é a autonomia que permite se aproximar das costas de outro continente e lançar mísseis atômicos.

Mais do que o valor militar dos submarinos nucleares, o fator Malvinas foi decisivo na parceria com a França. É que o apoio dos EUA ao Reino Unido mostrou a falsidade do TIAR  feito para garantir o apoio latino-americano contra a União Soviética. Isto teve reflexos diretos sobre o pensamento estratégico brasileiro, contribuindo para retirar a Argentina da antiga posição de nosso principal potencial oponente. 

O governo estadunidense e lideranças contrárias ao nacionalismo haviam promovido um "Diálogo Interamericano" que ia da "desmilitarização" à desregulamentação econômico-financeira, passando pelas privatizações/ desnacionalizações, agenda ambientalista e outros itens que integram atualmente as nossas erroneas políticas governamentais. Ainda que visasse evitar a resistência militar aos propósitos norte-americanos, a "desmilitarização" foi entusiasticamente apropriada por setores da esquerda radical (agrupados no Foro de São Paulo) que começaram a chegar ao poder político ao longo da década de 1990, freqüentemente, apoiados pelos interesses representados no Diálogo

Sem ser antiamericana, a parceria franco-brasileira simboliza uma rejeição a atual subordinação à longa hegemonia dos EUA e do Reino Unido. Se justifica por motivos político-estratégicos ,mais do que meramente econômicos e militares. Evita-se assim o condicionamento às diretrizes políticas de Washington, que não tem bons precedentes nessa área, remember o veto à venda de aeronaves militares da Embraer à Venezuela, pelo fato de conterem motores e instrumentos de origem estadunidense, ou os problemas da Força Aérea Chilena para receber os mísseis de longo alcance para equipar os seus novos caças Lockheed Martin F-16C/D. Entretanto é bom lembrar que se a experiência da Missão Francesa deixou saudades, o comportamento da França , dando os códigos do exorcet à Inglaterra sempre deixa desconfianças Não se nega que existem simpatias e antipatias entre nações, mas sempre o interesse fa lará mais alto

A História tem uma dinâmica que às vezes leva tempo para ser percebida em todas as suas dimensões. Grande parte dos atuais desdobramentos políticos sul-americanos, aí incluído o fenômeno "bolivariano", se deve à opção estratégica feita pelos EUA no conflito das Malvinas, quando a arquitetura de segurança hemisférica foi atirada no ralo por conta da parceria hegemônica com o Reino Unido. Embora o vetusto enclave colonial britânico nas ilhas se mantenha, as conseqüências das fatídicas decisões tomadas em 1982 estão fazendo sentir o seu peso.

Estarei por um mês fora do ar.  Peço aos amigos que, neste tempo, evitem mandar-me e mails pois dificilmente terei acesso.

                                                                  Que Deus guarde a todos vocês.

                                        Gelio Fregapani

 

Deixo dois interessantes apêndices.

APENDICE 1

- Comentário da TV Band sobre o índice de produtividade rural

(abrir)

 http://www.band.com.br/jornaldaband/videos.asp

   

 

APÊNDICE 2

MARCO REGULATÓRIO DO PETRÓLEO - antecedentes

Recebido de: Roldão Simas

LEMBRANÇAS HISTÓRICAS X ALTERAÇÕES DO MARCO REGULATÓRIO

*João Victor Campos      

INTRODUÇÃO

Com grande alarido, o atual governo apresentou no dia 31.08.09, decorridos 22 meses da Resolução nº 6 do CNPE de 2007, as mudanças julgadas necessárias no marco regulatório, amparado na Lei nº 9.478/97, visando, contemplar o novo paradigma da exploração e produção da nova província petrolífera do Pré-Sal.

Em decorrência desse importante fato, é oportuno lembrar uma sequência de eventos que o antecederam, e que seguramente influíram em decisões tomadas em governos anteriores e no atual, obedecendo, a seguinte  cronologia:

1) Clube Bilderberg - 1954

2) A Comissão Trilateral - 1973

3) O Relatório Kissinger (NSSM-200) - 1974

4) O Diálogo Interamericano - 1982

5) Debt-for-Equity - 1983

6) O Projeto Antimilitar - 1988

7) O Consenso de Washington - 1989

8) ONGs - (?)

9) O Enigma Lula

10) Conclusões

 

O CLUBE BILDERBERG

Desde 1954, com a criação do famoso Clube Bilderberg (CB), na Holanda, que se conspira para a criação de um organismo único capaz de exercer amplo domínio, rumo a um governo mundial, uma economia global e uma religião também global.

A nata que constituiu o Conselho Diretivo foi formada por banqueiros, industriais, donos de meios de comunicação, políticos, famílias reais européias, presidentes, primeiro-ministros, ministros, secretários de Estado, lideranças militares e outras personalidades, que se reúnem anualmente para traçar os rumos do planeta, dentro dos moldes do que seria um governo mundial secreto.

O Conselho Diretivo deste Clube teria um máximo de 130 delegados, sendo 2/3 de europeus e o restante dos EUA e do Canadá.

As pretensões do CB, enveredam em duas hipóteses: a primeira seria a reunião da elite econômica e política do mundo  ocidental, para fazer face ao avanço do Comunismo do século XX;  a segunda, hoje com maior aceitação, vê o CB dentro do que se convencionou chamar de  teoria da conspiração, cujo movimento teria pretensões de dominar todo o planeta,  estabelecendo um governo mundial.

Este objetivo seria alcançado pela ONU - Organização das Nações Unidas - ,onde atualmente prevalecem teses esquerdistas na construção de uma nova ordem mundial, com moeda, exército e religião comuns, para quebrar a espinha dorsal da soberania das nações emergentes ou subdesenvolvidas, especialmente aquelas detentoras de reservas estratégicas, como recursos minerais, água e biodiversidade, onde o Brasil se destaca em primeiro plano.

Junto ao CB e a ONU, podemos citar outros grupos tidos como "controladores", como o Diálogo Interamericano, a Comissão Trilateral, o FMI - Fundo Monetário Internacional , o CFR - Council on Foreign Relations (Conselho de Relações Exteriores), cujos objetivos seriam simplesmente os de eliminar a idéia de soberania nacional e as forças armadas nacionais.

 

A COMISSÃO TRILATERAL

A chamada Comissão Trilateral, fundada em 1973 por David Rockefeller, reunia principalmente banqueiros dos EUA, Europa Ocidental e do Japão e, a partir de 1991, com o desaparecimento da União Soviética, viu-se um Primeiro Mundo reunido em torno desta Comissão, um Segundo Mundo agrupado em torno da falida ideologia socialista e um Terceiro Mundo subdesenvolvido, praticamente à mercê dos ditames destes outros dois mundos, com referência à proliferação da energia nuclear, terrorismo, direitos humanos, desmatamentos e venda de armas convencionais.

 

O RELATÓRIO KISSINGER - NSSM-200

No dia 10 de dezembro de 1974, o Conselho de Segurança Nacional dos EUA emitiu o Memorando de Estudo da Segurança Nacional - NSSM-200 - também conhecido como "O Relatório Kissinger". Este documento expõe, explicitamente, uma detalhada estratégia pela qual os EUA promoveriam, de forma agressiva, o controle da população de países em desenvolvimento de forma a regular (ou ter um melhor acesso) às riquezas naturais destes países.

De maneira a proteger os interesses comerciais dos EUA, o NSSM-200 cita um número de fatores capazes de interromper o fluxo contínuo de matérias primas oriundo dos países menos desenvolvidos. Dentre esses fatores  incluí-se um que faz restrição a uma grande população da juventude anti-imperialista, a qual, de acordo com o NSSM-200, deve ser limitada pelo controle populacional. O documento identifica 13 nações, o Brasil dentre elas, que constituem o alvo primário dos esforços dos EUA em exercer o controle populacional.

Este Memorando foi mantido em sigilo absoluto até 1989 (ou seja, durante 15 anos), quando foi tornado público e transferido para o Arquivo Nacional dos EUA.

Enquanto que a CIA e os departamentos de Estado e de Defesa dos Estados Unidos emitiam centenas de comunicados sobre o controle populacional e a segurança nacional, o governo dos EUA nunca renunciou ao NSSM-200, limitando-se apenas a emendar certas porções da sua política. Por conseguinte, o governo dos EUA ainda mantém o NSSM-200 como o documento fundamental no controle da população.

Nota: embora por mim pesquisada junto à Fiocruz e o Ministério da Saúde sobre a origem da vacina anti-rubéola aplicada este ano (2009) em 68 milhões de brasileiros, aquela Fundação informou que não foi ela quem a fabricou, enquanto o Ministério da Saúde, que acusou o recebimento da indagação, até hoje não a respondeu, decorridos seis meses. A vacinação em massa é um ótimo meio de se inocular componentes esterilizantes.

 

O DIÁLOGO INTERAMERICANO

Aproveitando o aparente caos político e institucional na América Latina, em seguida à Guerra das Malvinas e à crise da dívida externa, ambas em 1982, interesses internacionais moveram-se rapidamente buscando manter seu domínio político e econômico na região. Em junho, julho e agosto de 1982 foram organizados três seminários para debater as repercussões da Guerra das Malvinas nas relações interamericanas, sob os auspícios do Centro Woodrow Wilson, uma espécie de banco de cérebros, com sede em Washington.

Desses seminários surgiu a idéia do Diálogo Interamericano e, de outubro de 1982 a março de 1983, o Centro patrocinou uma série de reuniões já dentro dessa idéia, nas quais 48 delegados da América Latina, a título pessoal, debateram um longo temário. FHC, presente, subscreveu a ata de fundação, sendo, portanto, um de seus idealizadores. A fundação do Diálogo se deu em 15 de outubro de 1982 e contou com a presença do então Secretário de Estado George Shultz e do Subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Thomas Enders. A partir daí, o Diálogo reunir-se-ia a cada dois anos.

Esta estratégia, todavia, só começou a vir à luz a partir do início da crise da dívida externa ibero-americana, em 1982-1983, com a criação do cartel dos bancos credores - liderados pelos interesses de Rockefeller - o qual se propunha a elaborar uma nova formulação para garantir aos credores o recebimento sem riscos dos rendimentos da dívida externa dos países do Terceiro Mundo.

No Brasil, este cartel influiu enormemente durante os trabalhos da Assembléia Geral Constituinte, onde um ativo lobby na Subcomissão da Ordem Econômica esteve a ponto de impor várias de suas idéias privatizantes, como foi oportunamente denunciado num Memorando Especial da revista Executive Intelligence Review - EIR - em junho de 1987.

 

DEBT - FOR - EQUITY

A estratégia dos bancos começou a materializar-se a partir de uma reunião em Vail, Colorado, EUA, em agosto de 1983, onde o então consultor da empresa Kissinger & Associates e diretor do Banco Morgan Guaranty, Alan Greenspan (que viria a se tornar presidente do FED - Banco Central dos EUA), expôs as linhas gerais da nova política dos bancos: converter os títulos da dívida externa em poder dos bancos em tí tulos de posse de "ativos nas nações devedoras". Na reunião, ficou determinada a suspensão total de novos créditos bancários aos países do Terceiro Mundo, para obrigar seus governos a adotarem o esquema proposto, que ficou conhecido como Debt-for-Equity (dívida por ativos), em detrimento de suas soberanias.

Segundo Greenspan, "está claro que, em lugar dos tradicionais empréstimos bancários privados, deve haver um grande número de investimentos diretos e acessos aos mercados de ações dos países menos desenvolvidos. Não podemos continuar a colocar dívida nova nos moldes tradicionais, porque isto cria situações críticas de pagamentos que os devedores não poderão cumprir, o que constitui uma causa principal da atual crise da dívida. Com os ativos, tais situações não existem... Devemos converter dívidas em ativos... Esses países devedores têm saldos de exportação e matérias-primas, o problema é: de que forma os credores teriam acesso aos ativos? Devemos ter formas de pagamento que não e stejam especificamente relacionadas aos próprios limites de pagamento da dívida, mas aos futuros rendimentos das exportações e das explorações das matérias-primas".

O encontro de Vail reafirmou o papel do FMI - Fundo Monetário Internacional - como o executor da nova estratégia, qual seja: impor políticas econômicas de submissão e austeridade para "espremer" os países credores e abrir caminho para as reformas financeiras e bancárias necessárias ao esquema.

Os apertos financeiros, resultantes da cobrança ou enxugamento dos pagamentos exercidos sobre o Brasil, Argentina e México, deveriam obedecer aos pacotes do FMI e a "Nova Ordem Mundial" ou Globalização, após os governos militares.

Em 1982, a dívida externa brasileira girava em torno de 90 bilhões de dólares. Em 1992 havia duplicado, tendo atingido 240 bilhões de dólares no ano 2000.

No caso brasileiro, a detonação da dívida pelo FMI forçou e encorajou o plano de privatização das estatais, tendo como carro-chefe a privatização da Vale do Rio Doce e da hidroeletricidade, e ainda ditou as idéias para um plano mestre de privatização da Petrobrás, tudo incluído numa Carta de Intenção do FMI, que impunha a confissão da dívida e a concordância com as privatizações. FHC assinou esta carta.

A privatização da estatal Vale do Rio Doce era a prioridade do programa, pois possuía recursos minerais na área amazônica, incluindo grandes reservas, em torno de 160 milhões de toneladas, de nióbio, ouro, titânio e manganês, estimadas em 5 trilhões de dólares.

     Nota: a Vale foi privatizada/doada por 3,3 bilhões de dólares, no governo FHC.

Também a gigantesca e estratégica hidroeletricidade, que é o único e mais eficiente modelo de matriz energética, que não tem similar no mundo (em 1982, 90% da energia brasileira era produzida em hidrossístemas de baixíssimo custo) e, por isso, constitui grande atrativo para ser incluída na lista de prioridades do programa de privatização brasileiro, com particular interesse dos investidores estrangeiros e do cartel dos banqueiros.

O FMI ordenou e obrigou o Brasil - levado à falência por um "novo e miraculoso plano monetário temporário", baseado numa âncora cambial e na indexação fraudulenta da inflação, de autoria do agrupamento de economistas de FHC, tendo à frente Gustavo Franco e Pérsio Arida - a executar as seguintes medidas, após 1995:

1 - Reduzir as importações em 17,5%;

2 - Destruir em 20% a força de trabalho brasileira;

3 - Proceder a uma completa e fraudulenta indexação (baixa) nas mudanças do sistema de  

      indexação de salários;

4 - Impor o fim dos grandes projetos industriais no Brasil;

5 - Eliminar US$ 10 bilhões, em crédito subsidiado para a agricultura e industria nacional;

6 - Encorajar investidores estrangeiros a comprar e controlar empresas públicas e privadas  

      necessitadas de capital;

7 - Implementar condições rigorosas para iniciar um grande plano de privatização das companhias 

      estatais, incluindo as lucrativas indústrias mineradoras, de hidroeletricidade, energia e

      siderúrgicas estaduais brasileiras.

Nota: A Petrobrás, que deixou de ser incluída nas privatizações, quando do Diálogo Interamericano, por estar ainda protegida pelo monopólio estatal e também pelo mesmo motivo em 1995, foi objeto de um adendo, que prescrevia, entre outras medidas, que "importantes resultados e recursos de capital podem ser obtidos através das privatizações a nível de subsidiárias, tendo como candidatas óbvias a Petroquisa e a Petrofertil ".

A Petrobrás não chegou a ser privatizada por FHC devido à reação popular contrária, mas diversas tentativas foram feitas com os presidentes da empresa, Henri Phillipe Reischtul e Francisco Gros. Mas a largada fora dada, traduzida pela venda de ações da Petrobrás na Bolsa de Nova York (40%) e disseminada entre testas de ferro e outros (20% no Brasil). A Petrobrás é hoje uma transnacional.

8 - Reduzir a expansão demográfica, como conseqüência da destruição da força de trabalho e da

      política de desemprego.

 

O PROJETO ANTIMILITAR

Na reunião de 1988 do Diálogo Interamericano (DI) em Washington, já acrescido de novos membros, foram acordadas as políticas e estratégias a serem adotadas para o domínio da América Latina e do Caribe. A divulgação deste evento resultou num modesto documento, sem entrar em pormenores, em função da gravidade dos assuntos tratados e da necessidade de sigilo. Todavia, no livro O Complô (EIR, 1993, pg. 100, vide ref.), encontramos: "O traço mais marcante do relatório de 1988 do DI é o seu virulento ataque aos militares ibero-americanos". Portanto, o documento apresentado n� �o era tão modesto assim.

Possuía o DI, em 1988, 70 fundadores, dentre os quais destacamos as "personalidades brasileiras" presentes : Sr. Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do CEBRAP; Sr. Celso Lafer, Ministro do Desenvolvimento; Sr. Roberto Civita, Presidente da Editora Abril. Mais tarde, a reunião do DI de 1992 contou com a presença do Sr. Luis Inácio Lula da Silva, convidado por FHC.

Foi questionada a missão dos militares (ainda fruto da repercussão da Guerra das Malvinas), contrários a aceitar a transformação do nosso território em uma imensa fazenda exportadora de matérias-primas e de produtos semi-manufaturados e sub-valorizados. O foco dos países ricos passou a ser não mais somente os movimentos comunistas, que já não eram considerados tão perigosos "após o fim da guerra fria", mas também as ações dos militares em defesa de suas respectivas soberanias nacionais. Em fins de 1986, o DI pôs em marcha um projeto que culminou com a publicação, em 1990, do Manual Bush, uma obra antimilitar, que sugeria o desencadeamento de uma guerra econômica contra os militares latino-americanos, assinalando que "o nível de recursos a ser destinado aos militares" deveria ser questionado e alterado, como uma das formas mais efetivas de "conter a influência das Forças Armadas" nos países ao sul do Rio Grande (fronteira com o México). Defendia também a substituição das Forças Armadas dos países subdesenvolvidos, notadamente da América Latina, por forças regionais de defesa, com o tí tulo de Força Interamericana de Defesa.

O ex-presidente FHC, um dos fundadores do DI, em 1982, foi quem, a partir de 1995, em atendimento a esta política imposta, deu início ao sucateamento das Forças Armadas e que até hoje persiste, pondo em risco a segurança da Nação. Também, atendendo a uma declaração do Secretário de Defesa dos EUA, William Perry, em visita ao Brasil, em 1995 (O Globo, de 06/05/1995) diz textualmente "que o seu governo quer que as Forças Armadas de cada país passem a ser lideradas por um Ministro de Defesa que seja civil. A liderança civil do sistema de defesa fortalece tanto a democracia quanto as próprias Forças Armadas. Nós vamos incentivar isso, assim como a idéia de que haja uma transparência cada vez maior no intercâmbio de informações militares entre as três Américas".

O "agachado" e comprometido FHC atendeu prontamente, criando o Ministério da Defesa, em 1999, tirando todo o poder político dos antigos comandantes das três Forças Armadas.

 

O CONSENSO DE WASHINGTON

O que se denomina informalmente de "Consenso de Washington" é o resultado de uma reunião levada a efeito na capital dos EUA, em novembro de 1989, entre funcionários do governo norte-americano e organismos financeiros internacionais ali sediados - FMI, Banco Mundial e BID -  cujo objetivo era proceder a uma avaliação das reformas econômicas empreendidas pelos países da América Latina. Estiveram presentes diversos economistas latino-americanos e funcionários de diversas entidades norte-americanas e internacionais envolvidos com a América Latina.

Embora com formato acadêmico e sem caráter deliberativo, o encontro propiciaria oportunidade para coordenar ações por parte de entidades com importante papel nessas reformas. Por isso mesmo, não obstante sua natureza informal, acabaria por se revestir de significação simbólica, maior que a de muitas reuniões oficiais no âmbito dos foros multilaterais regionais.

A avaliação objeto do Consenso de Washington abrangeu 10 áreas: 1. disciplina fiscal; 2. priorização dos gastos públicos; 3. reforma tributária; 4. liberalização financeira; 5. regime cambial; 6. liberalização comercial; 7. investimento direto estrangeiro; 8. privatização; 9. desregulação; e 10. propriedade intelectual.

As propostas do Consenso de Washington nas 10 áreas convergem para dois objetivos básicos:

- a drástica redução do Estado e a corrosão do conceito de Nação

- o máximo de abertura à importação de bens de serviços e a entrada de capitais de risco.

Tudo em nome da soberania absoluta do mercado auto-regulável nas relações econômicas tanto internas quanto externas.

Dos tecnocratas nomeados por FHC, no seu 1º mandato para implementar o Plano Real, tais como Pedro Malan, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Bresser Pereira, Eliana Cardoso e outros, vários deles integravam o grupo que participou da reunião em Washington, em 1989, durante o qual foi realizado o estudo do diagnóstico sobre o Brasil elaborado por Eliana Cardoso e Daniel Dantas (o mesmo que foi recentemente preso por duas vezes seguidas e a seguir liberado pelo STF. Deve saber muita coisa, daí advém o temor de que ele "solte a língua", temor este que se liga diretamente à FHC.

 

ONGs

Como disse David Rockefeller, numa das primeiras reuniões do DI, em 1982:

"E a maior parte da Amazônia, quem dominar a Vale, dominará a Amazônia".

 

 

 

Podemos, portanto, aí inferir o atual interesse das ONGs e das potências hegemônicas na demarcação das terras indígenas (Reserva Ianomâmi e Reserva Raposa-Serra do Sol).

 Muitos dos minérios citados acima (ver Debt-for-Equity), principalmente o estratégico nióbio, encontram-se nas reservas mencionadas. Entre os principais interessados, estaria a realeza britânica, na pessoa do Príncipe Charles e sua ONG, a WWF (World Wildlife Fund). A presença do Príncipe Charles no Brasil, este ano, quando da criação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol e também quando da TI (Terra Indígena) Ianomâmi, atestam esta cobiça.

A homologação da TI Raposa-Serra do Sol, pelo STF, neste ano de 2009, para gáudio de Sua Alteza, é um acinte ao povo brasileiro, principalmente quando se tem ciência da existência de um  objetivo não mais fortuito de "balcanização" da Amazônia, com a criação de diversas "nações indígenas" que, uma vez homologadas, se apossariam de imensas reservas minerais e da rica biodiversidade.

 

O ENIGMA LULA

"Aparentemente incompreensível, na lista dos membros do Diálogo Interamericano na reunião de 1992, é a presença do atual presidente da República, Sr. Luís Inácio Lula da Silva, lado a lado com FHC,  Lula, então presidente de honra do PT e candidato à Presidência da República, e que freqüentemente atacava a "política" empreendida pelo presidente FHC, a qual nada mais era do que o fiel cumprimento das normas ditadas pelos "donos do mundo" através do Diálogo Interamericano". (Marcos Coimbra em "Brasil Soberano")

Segundo consta, no passado político de Lula existem passagens, como aluno (1968), pelo Iadesil (antigo Instituto Americano para o desenvolvimento do Sindicalismo Livre), escola de doutrinação mantida em São Paulo, pelos norte-americanos da AFL-CIO, que manteve financeiramente a CUT, com apoio da social-democracia italiana; pelos EUA, em 1972/1973, quando  foi treinado  em sindicalismo na Johns Hopkins University (o Lula fala inglês?), em Baltimore, EUA (Jogo Duro, Mario Garnero, Editora Best Seller, pgs. 130 a 132 ), foi membro da AFL-CIO (não sei se ainda continua), a Central Sindical Americana, onde criou amizades com Stanley Gacek e John Sweeney, respectivamente advogado sindicalista  da área internacional e o outro é o atual presidente da mesma. Recentemente, quando da viagem de Lula aos EUA para entrevista com o Presidente Barack Obama, "foi tomar a benção" primeiro com o Presidente da AFL-CIO, Sweeney. Por quê? Segundo Fernando Tollendal, "o PT e a CUT foram criados sob inspiração norte-americana, para cindir a completa hegemonia que os comunistas antes detinham no movimento sindical brasileiro".

É de se supor, por conseguinte, que algum comprometimento tenha o Sr. Lula assumido com as diretrizes do FMI, senão como julgar as suas atitudes em harmonia com as ações de FHC durante todo o seu primeiro mandato e só recentemente, em setembro de 2007, com a retirada de 41 blocos da 9ª Rodada da ANP, 26 na área do pré-sal, veio a esboçar uma ligeira reação ao status quo imposto por FHC durante o governo dele. Mas, parou por aí. Veja-se abaixo:

 

CONCLUSÃO

Em que pese o avanço que representa as modificações do marco regulatório, ora propostas pelo governo, sobre à situação anterior estabelecidas pela Lei 9478/97:

"A proposta do governo para o pré-sal, por não prever a retomada total do monopólio estatal, é frustrante".

Fica difícil situar a posição do presidente Lula no atual contexto, ainda mais quando se leva em conta que ele, como candidato à Presidência, havia prometido instalar a CPI das Privatizações, a qual chegou a ser instalada no seu governo, porém morreu no nascedouro. Não tinha ele uma arma nas mãos? Ameaçar a oposição com a reinstalação da CPI das Privatizações, caso levassem avante a CPI da Petrobrás, quando ainda idéia? E, por que não o fez?

Após a apresentação dos quatro Projetos de Lei, pelo governo atual, contendo as modificações propostas no marco regulatório, e tendo em mente o exposto acima, não é difícil explicar o porquê da tentativa (por enquanto) da adoção de:

- O sistema de partilha (?) - o que seria INQUESTIONÁVEL é todo o petróleo para o povo brasileiro

- A continuidade dos leilões da ANP (?);

- A criação da nova estatal - a PETROSAL (?);

- Por que não a restauração da Lei 2004/53, com adaptações, em substituição à Lei 9478/97(?) e,

- Por que não a recondução da Petrobrás (100% estatal, com a recompra das ações) à condição de    

  executora do monopólio estatal?

O ideal mesmo teria sido o Contrato de Prestação de Serviços, única e exclusivamente, como bem se houve durante a vigência do monopólio estatal.

La revanche du Sud - Le Monde, 11 de junho de 2008 (tradução  A. Pertence):

     "Uma empresa séria procura parceiros, basicamente, por três razões: carência de capital, carência de tecnologia e excesso de risco. A Petrobrás não se enquadra em nenhum dos três casos. Capital não é problema. Os lucros da empresa nos últimos dez anos têm sido astronômicos. Em relação à tecnologia, a Petrobrás, em seu campo, é líder mundial há décadas no desenvolvimento e domínio de tecnologias para exploração e produção em águas profundas e parte agora para mais um salto tecnológico, ao descobrir áreas muito mais promissoras abaixo da camada de sal, na plataforma continental em águas ultraprofundas. Quanto ao risco do negócio, a sit uação é idêntica. A Petrobrás foi progressivamente criando "expertise" e hoje suas chances de sucesso nesta nova fase são consideráveis. Ainda assim, nas novas descobertas ocorridas, especialmente na Bacia de Santos, tomamos conhecimento que há parceiros do Norte que irão usufruir dos bônus que a parceria com a Petrobrás lhes confere. No caso da exploração e  produção de petróleo e gás no mar brasileiro, a regra do jogo vigente é clara em ensinar que empresas na situação da Petrobrás deveriam dispensar taxativamente qualquer oferta de parceria. No entanto, a Petrobrás as tem.

Durma-se com um barulho desses!"

O Brasil, em seus quinhentos e nove anos de história, já passou por diversos ciclos de espoliação, começando por aquele que praticamente extinguiu o Pau Brasil, o do ouro, do açúcar, do café e o da borracha e, se bobearmos lá se vai o Pré-Sal. Chega de subserviência. Vamos à luta.

E para concluir, parafraseando o colega da AEPET, Raul Bergmann, do Rio Grande do Sul:

"Parece que a única urgência no caso do Pré-Sal é a retomada para a União da propriedade integral do petróleo, garantindo que toda a cadeia produtiva do Setor fique sob controle do Estado Brasileiro, para não acarretar entraves, por interesses particulares, ao Desenvolvimento Sustentável do País".

 

REFERÊNCIAS

1.          O COMPLÔ para aniquilar as Forças Armadas e as nações da Ibero-América (EIR - Executive Intelligence Review, 2ª Edição, março de 2000)

2.          Os Cabeças-de-Planilha (Luís Nassif - 2ª Edição - Ediouro, 2007)

3.          Brasil Soberano (Marcos Coimbra, - Ed. Autor, 2009)

4.          Kissinger Report 2004 - A Retrospective on NSSM-200 (Human Life International) < /span>

5.          A Verdadeira História do Clube Bilderberg (Daniel Estulin, Editorial Planeta, 2005)

6.          EIR - Memorando Especial: Brasil: Soberania sob Ataque (1989)

7.          Diversos artigos na Internet de autores diferentes, entre os quais podemos citar:

Adriano Benayon, Carlos I. S. Azambuja, Pedro Porfírio, Gélio Fregapani, Paulo Nogueira Batista, CMI Brasil


MG > Levanta Brasil  - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (Parágrafo único Art. 1º)




20.9.09

PALESTRA DO GENERAL HELENO, NO CÍRCOLO ITALIANO...

Meus Camaradas,
Alguns de vocês pediram-me para relatar sobre a palestra do General Heleno, na manhã de hoje, no Círcolo Italiano, no edifício Itália, promovido pelas potências maçônicas de São Paulo. O auditório estava repleto e seletivo. A grande maioria dos presentes foi composta por líderes maçons, alguns Oficiais da Reserva, o Delegado da ADESG/SP.
General Heleno, em uniforme de campanha, quebrou o protocolo. Diante dos aplausos que não terminaram, ele disse que poderia ir embora, por nada mais a ter que falar.
General Heleno disse que o encontro não seria uma palestra mas uma conversa, tipo bate-papo; que assumia para si toda a responsabilidade pelo que iria dizer; que não faria críticas às autoridades, sim às Instituições; que, sua fala não teria caráter político. A bem da verdade, o general deu a entender que permanecerá na ativa, no período que lhe resta - um ano e três meses, totalmente dedicados ao Exército. Esta foi uma elegante resposta para neutralizar rumores sobre sua candidatura à Presidência da República.
Sobre a região da Amazônia, passou aos presentes uma visão atual dos 11.000 Km de fronteira, com seus antagonismos e óbices, inerentes às subregiões. Falou sobre o esforço do Exército e o cenário futuro , mergulhado no improviso das nações, sob a égide de que "tudo pode acontecer".
Ao final, cumprimentei o General Heleno, sempre atencioso e cortês. Imediatamente, após minha saída, fui solitariamente tomar meu café expresso e me pus a pensar:
 
1. General Heleno sabe perfeitamente que sua candidatura enfrentaria forte e terrível fogo de barragem dos inimigos, atuais detentores do Poder que têm dinheiro e o Estado aparelhado, sob controle.
2. As elites empresariais e financeiras dão mostras de ampla satisfação e regozijo, em face do atendimento dos seus interesses.
3. A massa (povo) está inerte, porque dopada com as benesses do bolsa família, acompanhada de futebol, carnaval e muito pagode.
4. General Heleno, no Poder, seria o nosso Charles De Gaule que, praticamente foi tirado de sua casa para salvar a França. General Heleno tem caráter, honra e honestidade. É militar de puro sangue que não vende sua alma e não conjuga o verbo trair.
5. Concluo que, neste período de incertezas, é estratégico tê-lo no Exército porque, este velho analista, não esquece de duas importantes frases:
  • " Nada é o que parece "
  • " Tudo pode acontecer, como nada pode acontecer"
 
MARCIO MENDES GONÇALVES
ESG-90
 
BRASIL ACIMA DE TUDO !
SELVA !
SP, 19/09/09

 



16.9.09

GUERREIROS DAS SELVAS

De todas as excursões que já fiz (turísticas, pastorais ou de estudos), a que fiz para a região amazônica, ocupa a posição primordial. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, convidou um grupo de Bispos da CNBB, a visitar cidades e regiões, das quais mal eu ouvira falar. Trata-se dos Estados da Amazônia, Roraima e Rondônia. O Ministério da Defesa colocou à disposição um avião, uma pequena equipe de especialistas, e as bases militares das forças armadas nos postos avançados de fronteira. É claro que as intenções do Ministro foram de divulgação dos trabalhos realizados, com muita eficiência, pelos poderes públicos, nesta região realmente imensa, de florestas e de rios a perder de vista.

Reconheço, antes de tudo, que mudei para melhor, minhas avaliações sobre o exército, a marinha e a aeronáutica. Nunca fui detrator das forças armadas. Mas tinha minha restrições severas contra seus métodos, sobretudo a partir do segundo momento da nossa Revolução Militar. Sempre estive convicto - e continuo nessa posição - que o começo da Revolução foi certo. Depois, a permanência militar no poder foi um erro, sobretudo o apelo não muito raro, a sevícias e perseguições. Essas atitudes equivocadas nasceram de outras escolas militares, que não a do Duque de Caxias, um pacificador por excelência. O que vi na Amazônia, confirma que o Exército Brasileiro é das instituições mais sérias, autênticas e beneméritas do país. Reina nas suas fileiras uma disciplina, que nos revela sua seriedade, seu patriotismo e sua eficiência em garantir a nossa soberania nas fronteiras. As lições do Patrono do Exército foram retomadas com vigor. Acompanharam-nos oficias do primeiro escalão, mostrando-nos os postos militares das fronteiras mais avançadas (são várias dezenas).

Admirei as esposas corajosas desses militares que, por amor à pátria, acompanharam seus maridos, para defender a nossa soberania nacional. A grande maioria desses soldados, porém, são indígenas dos próprios locais, muito bem treinados. Nesta situação eles não se consideram  yanomamis, tucanos, ou de outras etnias. Eles se consideram simplesmente brasileiros. Saí daquelas selvas convencido de que não aparecerá nenhum aventureiro, e mesmo nenhum país, que queira mexer naquilo que já tem dono. Os guerreiros das selvas, pela sua capacidade e determinação são a garantia.

    Dom Aloísio Roque Oppermann é arcebispo metropolitano de Uberaba

MG > Levanta Brasil  - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (Parágrafo único Art. 1º)




11.9.09

Teoria e prática do poder

ARTIGO PUBLICADO NA VEJA EM 1970

 Fonte: http://veja. abril.com. br/arquivo_ veja/capa_ 01041970. shtml

 1º de abril de 1970

 

Os Militares

Teoria e prática do poder

Há seis anos caía o último governo civil do país. Ameaçadas pela desagregação do poder em todos os escalões administrativos, as Forças Armadas tiveram de intervir. Mas a intervenção militar de março de 1964 tinha origens preventivas: os militares pretendiam retirar-se a curto prazo do centro dos acontecimentos. O Alto Comando Revolucionário chegou a pensar em enviar o texto do Ato Institucional nº 1 ao Congresso, para que fosse homologado. Foi um civil, Francisco Campos, quem os convenceu de que a Revolução legitimava o Parlamento e, portanto, não caberia ao Parlamento legitimar a Revolução.

Em seis anos, o movimento revolucionário enfrentou quatro grandes crises políticas e fechou o Congresso duas vezes. A cada crise a Revolução sentia como eram escorregadios os princípios, as boas intenções e as raízes ideológicas dos políticos. Foi assim que a experiência deu aos militares a certeza de que eles determinavam a vitória do movimento revolucionário de março e de que só eles poderiam assegurar a continuidade do próprio processo.

Esses homens saídos dos quartéis destrincharam aos poucos as sutis malhas da crise brasileira. Para enfrentá-la dispunham da formação idealista e combativa que receberam nas escolas e da unidade de objetivos que cultivaram na vida da tropa. Vieram em sua maioria de origens humildes e foram aos poucos assumindo os mais importantes postos da administração pública. Entre o apego às origens e o fascínio pela pompa que revestia o poder, preferiram desmistificar a importância dos cargos, adaptando-os aos métodos administrativos que adotavam nos quartéis. Enxergaram os vícios e as debilidades que enfraqueciam os governos civis e, enquanto se aprofundavam nos problemas do país, passaram a agir como um grande Estado-Maior. Em seis anos de intimidade com o poder, mudaram também algumas de suas atitudes. O militar que em 1964 lutava contra a subversão e a corrupção, hoje, sem transigir com nenhum de seus antigos inimigos, está empenhado ao mesmo tempo na construção de uma nova estrutura política, social e econômica para o país. Seis anos foi o tempo necessário para o afastamento dos políticos que apoiavam a Revolução - como se ela fosse mais um governo de coligação partidária. Os militares mudaram o país e a Revolução transformou-os em uma força qualitativamente nova. Eles continuam a ser os fiadores do movimento de 1964, mas apanharam a luva do desafio pelo desenvolvimento nacional.

Quem são estes homens? Como se formaram? Que querem? Como agem?

  A CHEGADA E OS USOS DO NOVO CHEFE: O MILITAR VAI AO PODER

De repente, muita coisa mudou na repartição. Nenhum dos velhos funcionários conhece o novo chefe - que chega sempre cedo. Ele é desconhecido mesmo para muitos freqüentadores do gabinete, que tinham a intrigante capacidade de serem amigos de todos os chefes em todos os governos. Trouxe consigo um pequeno grupo de auxiliares tão desconhecidos quanto ele. Cobra tarefas e não delega poder de decisão. Marca audiências com horários rigorosos e apertados para gente selecionada - e o tempo economizado, gasta-o em revisões de trabalho com a sua equipe. Diz a telefonista - e a frase é repetida com espanto pelos corredores: "Ele liga pouco para fora". Que estranho ser é o novo chefe, diz um funcionário, mais afeito dos homens: "É um militar. São todos assim".

Cada vez com mais freqüência, nos mais diversos níveis da administração pública, estão sendo nomeados oficiais das Forças Armadas, em sua maioria da reserva. Na Paraíba, a Universidade Federal tem um capitão-médico como reitor. A Embratel - Empresa Brasileira de Telecomunicações - é presidida por um general desde sua fundação e foi organizada por um pequeno núcleo de oficiais. Na Guanabara, o secretário de Serviços Públicos é um general. No Ceará, um coronel ocupa a Secretaria da Fazenda e um major o Departamento de Trânsito.

Dos sessenta cargos mais importantes da administração pública, incluindo desde a presidência e a vice-presidência até o Lóide e a Rede Ferroviária Federal, 28 são ocupados por oficiais superiores das Forças Armadas. Esta tendência, comum na administração brasileira, sofreu nos últimos anos uma mudança sensível de qualidade. O militar é escolhido para o posto por indicação de colegas e condicionando as velhas práticas administrativas a conceitos e métodos militares. Além disso, sua linha de comunicação não é a tradicional conversa com políticos, mas quase sempre uma troca de informações com colegas de farda, ou até mesmo de turma, que estão em outros postos.

O ESTILO É O MILITAR - O General Gastão Pereira dos Santos, 56 anos,  diretor do Instituto Sul-Rio-Grandense de Carnes, na semana passada enviou um recorte de jornal, criticando o governo, ao seu amigo General João Batista Figueiredo, chefe da Casa Militar da Presidência da República. Recebeu a seguinte resposta: "Recebi seu bilhete. É também minha opinião". O General Gastão age como militar na queixa e na discrição. Recusa-se a revelar que tipo de recorte enviou ao colega.

A ação dos militares em cargos técnicos deu resultados surpreendentes em muitos casos. O General Euler Bentes Monteiro, que ocupou a Superintendência da Sudene de 1967 a 1968, levou para o posto a preocupação dos militares na execução de projetos concretos. Seu braço direito, o Coronel Stanley Fortes Batista, marcou de tal forma sua passagem na administração, que agora está-se preparando para assumir o governo do Piauí.
Outro coronel, César Calls Filho, depois de dirigir as obras de construção da Usina de Boa Esperança, no Maranhão, está indicado para o governo do Ceará. Mora em casa alugada, não tira férias desde 1958 e só janta em restaurante aos domingos, em companhia de toda a família. (No Ceará ele encontrará 35 oficiais ocupando postos de destaque no governo.)

MAIS UNIVERSIDADES - Para o General Idálio Sardemberg, colega de turma do Presidente Médici, a participação de militares na administração "é lucrativa para todos; para o Exército, pelo estágio de seus oficiais na vida pública, onde eles adquirem outras perspectivas dos problemas gerais do país, e para o Brasil, porque eles suprem uma carência bastante sensível, levando ainda a estes postos a disciplina e a honestidade profissional características de sua formação. À medida que forem crescendo as universidades e o elemento civil melhorar em quantidade e qualidade, pela concorrência, esta ascendência do militar tende a se reduzir: é uma preocupação do próprio oficial".

Em alguns setores, os militares atingiram postos de direção graças ao pioneirismo de seus cursos especializados. O Exército sempre se manteve atualizado em assuntos de eletrônica e siderurgia. Para o Ministério das Comunicações, o Presidente Garrastazu Médici destacou um coronel, Higino Corsetti, considerado um profundo especialista no assunto. Por outro lado, dos sete presidentes que a Companhia Siderúrgica Nacional teve até hoje, quatro foram militares.

O General Américo da Silva, que ocupa atualmente a presidência da empresa, vê no administrador militar, "por formação, um homem mais disciplinado e inflexível que o civil, sem que isso signifique nenhuma superioridade intrínseca da carreira. Tenho dois filhos civis e os respeito muito".

OS ÍNDICES FELIZES - Enquanto alguns só vão para cargos civis quando deixam as Forças Armadas, outros fazem o percurso entre o quartel e a administração várias vezes. Talvez, de todos eles, o exemplo mais completo seja o do aspirante de 1926 (Turma Laguna e Dourados, que formou o Presidente Médici), Juracy Montenegro Magalhães. Em 1930 comandou as forças revolucionárias na Paraíba. Em 1931 tornou-se interventor federal na Bahia, onde voltou a assumir o governo em 1935 e 1959. Presidiu a Petrobrás e a Companhia Vale do Rio Doce. Foi um dos fundadores da UDN, embaixador em Washington, ministro das Relações Exteriores e da Justiça. Hoje, Juracy Magalhães está dedicado à iniciativa privada, como diretor no grupo Monteiro Aranha. "Tenho um bom índice da minha felicidade como administrador e empresário. Sou dos primeiros acionistas de algumas companhias que chegaram ao rol das maiores empresas do país. Fui político enquanto esta condição honrava uma pessoa e deixei a política sem saudade e sem nenhum ressentimento."

Como empresário, Juracy Magalhães é considerado um homem muito bem sucedido. Todavia, pouquíssimos militares conseguem a felicidade dos índices obtidos por ele. Um general de Exército, depois de computar o soldo, as gratificações de tempo de serviço (quarenta anos), representação e moradia, pode receber por volta de 4.000 cruzeiros novos. Um capitão raramente ultrapassa os 2.000. Esses vencimentos sempre inferiores aos de profissionais liberais, num cálculo comparativo, encerram uma característica original: o cadete, com menos de vinte anos, ao entrar na Academia Militar, sabe que, haja o que houver, nunca chegará a ser um homem abastado. A viagem à Europa só virá em missão e será considerada como um prêmio; dificilmente poderá sair de suas economias.

A VOLTA DO SOLDADO - O General Canrobert Pereira da Costa, um dos militares da década de 50 que mais influenciou a oficialidade, morreu em sua casa do Méier, subúrbio do Rio. Os marechais Castelo Branco e Mascarenhas de Morais deixaram para a família apenas os apartamentos onde viviam e poucas ações.

Os apertos financeiros poderiam ser um importante argumento para convencer o oficial a uma rápida transferência para a administração civil, mais bem paga e flexível. Contudo, vários militares preferem deixar os importantes cargos que ocupam a reverter para a reserva, depois de passados os dois anos de afastamento permitido da tropa. O General Afonso de Albuquerque Lima deixou o Ministério do Interior, o General Arthur Candal da Fonseca abandonou a presidência da Petrobrás - a maior empresa do país - e o Coronel Euler Bentes demitiu-se da Sudene.

 

A PACIENTE FORMAÇÃO DO SOLDADO EDUCADO PARA SERVIR

"O dever primordial do chefe é o cumprimento da missão que lhe foi atribuída. Tudo o mais, mesmo o bem-estar dos seus homens, fica subordinado a isso." Na carreira militar, onde, com exceção dos praças, todos são chefes e todos são subordinados, esse princípio de chefia e mais dez outros enumerados pelo Manual de Campanha do Exército podem fornecer a chave para explicar a formação do militar, seu comportamento no poder nos últimos seis anos de governos revolucionários e a diferença entre os militares e a classe política tradicional na condução do poder político.

A diferença começa na base. Ladeando o Portão Monumental da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, há dois portões menores que somente se abrem duas vezes por ano: pelo primeiro entram os novos alunos, com seus uniformes dos colégios militares e da Escola Preparatória de Campinas (SP) ou com roupas civis; e pelo outro saem, no fim de cada ano, os novos aspirantes a oficial do Exército. Para percorrer os 50 metros que separam os dois portões, o cadete gasta quatro anos - durante os quais ele será treinado fisicamente e educado intelectualmente nos princípios que inspiram o lema da AMAN, inscritos no pátio principal da Academia: "Cadetes: ides comandar; aprendei a obedecer".

SER MILITAR - É na Academia Militar, misto de universidade e de escola técnica, que o cadete do Exército planta as bases de toda a sua vida futura. "Ser militar", diz um folheto da Academia, "é estar imbuído da verdadeira necessidade do cumprimento da missão, por mais árdua que se lhe afigure e pouca influência traga para lhe exaltar os méritos". A carreira militar é apresentada ao cadete como uma atividade de sacrifício, de sobriedade pessoal e de patriotismo. "As ações do verdadeiro militar", continua o documento, "não objetivam obter vantagens ou vencer questões; não devem ser ditadas por oportunismo, nem podem ser poluídas pela descrença, traços de inferioridade incompatíveis com a nobreza de sua missão."

Durante seus quatro anos na AMAN, o cadete vai se familiarizar com um vocabulário onde as expressões "dever", "missão", "desinteresse" e "coesão" são freqüentes. As ciências matemáticas que ele aprende nos dois primeiros anos de Academia visam, segundo o seu comandante, General Meira Matos, a "desenvolver seu raciocínio rápido, porque um chefe precisa tomar decisões também rápidas e criteriosas". Um programa intenso de educação física, que inclui ginástica diária e competições esportivas, prepara os cadetes para desempenhar missões perigosas e, ao mesmo tempo, desenvolve entre eles a solidariedade - que se chama, na linguagem militar, “espírito de corpo”. "Quando o espírito de corpo é elevado", diz o Manual da Chefia, “as realizações coletivas obscurecem as individuais. Em tais circunstâncias, as insatisfações de alguns desaparecem diante do predomínio do espírito do conjunto”.

A RAZÃO DA DISCIPLINA - Coesão, disciplina, respeito à hierarquia, desambição, preparo físico e intelectual: sobre pilares assenta-se a educação do oficial do Exército. A disciplina - viga mestra de toda organização militar - é defendida como uma necessidade vital para todos.. "Para convencer o homem da necessidade da disciplina", ensina o Manual, "nada melhor do que apelar para a sua razão; nos poucos casos em que o apelo falha, a punição oportuna pode corrigir o recalcitrante e fazê-lo sentir essa necessidade."

A disciplina comanda toda a formação do oficial. Os cadetes cumprem rigorosamente os horários, as tarefas do treinamento técnico-profissional (estudo das armas e ações de guerra convencional e de guerrilhas) e os exercícios intelectuais. Seu ensino não é, porém, ascético: a Academia tem um amplo cinema, quatro campos de futebol, quadras de tênis e de basquete, pistas para a prática de hipismo e uma piscina que era a maior da América do Sul até que o Vasco da Gama construiu uma maior, no Rio. O esporte, em todo o caso, não é encarado apenas como uma diversão; ele é considerado também uma tarefa que deve ser cumprida.

AS RAZÕES DO CADETE - A vida relativamente dura de um cadete, comparada à de um jovem da mesma idade no meio civil, não desestimula os civis a procurarem a carreira militar? Até 1966, a AMAN sofria de perda crescente de entusiasmo por parte de candidatos à matrícula. A partir de 1967, com uma propaganda desenvolvida pela Academia e ajudada pela portaria que permite o ingresso sem concurso dos alunos classificados nos três primeiros lugares nos cursos colegiais, a situação se alterou. Hoje, com 1.379 cadetes (número recorde), a Academia pensa ter superado o problema e, segundo o General Meira Matos, poderá dispensar a portada no próximo ano. "Nós tivemos agora novecentos candidatos civis disputando sessenta vagas", explicou o general. O rigor da carreira militar e sua desvantagem financeira comparada com as atividades privadas não preocupam os cadetes. Eles procuram o Exército por outras razões.. "O primeiro motivo de meu interesse pela carreira militar foi a evidência em que ficou o Exército nos últimos tempos. Em segundo lugar, a propaganda chamou a minha atenção para as vantagens do ensino da Academia, explica a VEJA o cadete Geraldo Soares Silvino, 22 anos, quartanista da Arma de Engenharia e há três anos colocado em primeiro lugar na AMAN.

DE ASPIRANTE A GENERAL - Ao deixar a Academia como aspirante a oficial, o jovem que cruza de volta o pequeno portão lateral da AMAN já cumpriu a maior parte da formação básica do oficial. Daí para a frente haverá apenas uma complementação, ou nas escolas especializadas do Exército (Comunicações, Educação Física, etc.), ou nas escolas de aperfeiçoamento - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO), Escola de Comando e Estado-Maior (ECEME) e Escola Superior de Guerra. Quando chega à ECEME - estágio obrigatório para a ascensão ao generalato -, o oficial já assimilou todo o Manual de Chefia, o Código de Honra e a doutrina militar. Agora, nos cursos da ECEME (dois anos tanto para Chefia e Estado-Maior de Serviços como para Comando e Estado-Maior), o oficial desenvolve sua capacidade de concatenar idéias, consolida suas convicções cívico-democráticas, aprende a ter de agir e decidir sob tensão, cultiva padrões morais elevados (qualquer deslize anterior veta automaticamente seu ingresso na Escola), procura incentivar o espírito de decisão e desenvolver "a afirmação da vontade e a consciência da responsabilidade", além de estudar a doutrina militar em vigor e as suas tendências de evolução.. Essa doutrina tem sido alterada ao longo das últimas décadas.

O MUNDO VAI FALAR - Até a Segunda Guerra Mundial predominava a influência francesa, que conferia ao Exército o papel de "grande mudo" dos acontecimentos políticos e provia o oficial de cultura humanística derivada do positivismo. Sua estratégia era voltada para as hipóteses de guerra contra os inimigos do século passado: Paraguai, Uruguai e Argentina. Após a Segunda Guerra, com a influência americana, a doutrina militar ensinada na AMAN (que foi fundada em 1944) e na ECEME deu ênfase ao estudo das questões sociais e políticas e aos novos conceitos de estratégia, que consideravam em primeiro lugar o choque ideológico entre a democracia e o comunismo, com hipóteses de guerras extracontinentais. Foi o agravamento das tensões sociais a partir da renúncia de Jânio Quadros que deu ênfase ao estudo da estratégia de luta contra a guerra revolucionária interna.

O que estudam os oficiais da ECEME? Exemplo de uma questão proposta neste ano a seiscentos candidatos que disputavam as cem vagas da Escola: "Comparar o processo de emancipação das nações hispano-americanas com o do Brasil". Ou: "Indicar as causas que favorecem a Guerra Revolucionária na Indochina francesa e na Grécia e apontar as análogas (tempo: trinta minutos; espaço: três páginas)". Para enfrentar os rigores das provas, os oficiais recebem da ECEME uma extensa bibliografia que indica - como subsídios, sem endossar qualquer conclusão - obras de H.G. Wells, Gustavo Barroso e Caio Prado Jr., entre outros.

A NOVA TAREFA - Ao concluir a ECEME, o oficial está apto a chegar ao generalato. Maior do que isso, porém, é o seu preparo intelectual nas doutrinas de segurança nacional e desenvolvimento, em comparação com a classe política em geral. Após quatro anos de AMAN, dois ou três da ESAO e ECEME e mais o tempo em que serve normalmente na tropa, o oficial do Exército (bem como da Marinha e da Aeronáutica) está profundamente tomado pelo sentido da ordem e da disciplina, da hierarquia e do senso do dever. Sua formação gregária deixou-o afastado diretamente das convulsões e tensões da vida civil. O Exército garantiu-lhe a habitação, o soldo e o trabalho, juntamente com a assistência à sua família. Ele adquiriu um conceito enraizado de moral, de culto às tradições, de zelo pela ordem social e pela estabilidade política. O poder político parece-lhe antes um dever de responsabilidade do que um fim em si mesmo. ("Recebi a Presidência da República como uma tarefa a cumprir", afirmou por duas vezes o General Garrastazu Medici. "Vejo o poder como um instrumento para servir", disse o Marechal Castelo Branco, em 1965.) E parece ter sido possuído desse espírito generalizado que o militar assumiu o poder político no Brasil nestes últimos seis anos.

O MILITAR NO PODER: O ESTILO DO NOVO ADMINISTRADOR

O exercício do poder pelos militares ainda é um capítulo novo da moderna História do Brasil. Como se comportam os militares na condução do governo? "A formação militar é tipicamente cartesiana: não tomamos nenhuma decisão sem antes estabelecer as coordenadas ortogonais", explica a VEJA o ministro da Educação, Jarbas Passarinho, cinqüenta anos, dos quais os últimos seis afastado do Exército, desde que foi eleito governador do Pará, em 1964. Oficial que brilhou nos cursos do Exército (tirou o primeiro lugar na sua turma da ECEME, em 1955), antigo superintendente da Petrobrás na Amazônia e diretor da extinta Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia durante o governo Jânio Quadros, Passarinho fixou sua filosofia frente à administração pública: "No Exército, quando se dá uma ordem, espera-se que o executante volte e comunique que a missão foi cumprida. No Ministério já organizei um serviço de cobrança da execução de ordens. Todas as semanas nós fazemos um balanço do cumprimento das ordens. Noutro dia, num despacho do Departamento de Administração, em que um funcionário era responsável pela inutilização de baterias, o Coronel Gontijo mandou que se descontasse do ordenado do responsável o valor equivalente. No Exército chega-se a dilatar o tempo de permanência de um militar na ativa para fazê-lo pagar, em prestações, os prejuízos causados. Quando saí do Ministério do Trabalho, elogiei, em portaria, os funcionários civis que colaboraram comigo. Foi um escândalo. Ora, na vida militar, o elogio e a notificação das faltas fazem o valor ou o demérito do soldado. Os funcionários civis, ao contrário, são uma ficha em branco que nada mais contém além do nome, identificação e títulos". O Ministro Passarinho, oficial de Artilharia que se tem destacado por sua habilidade no diálogo político nas duas áreas de maior dificuldade de comunicação dos governos revolucionários - trabalhadores e estudantes -, afirma não ter medo da presença no Ministério de um técnico de tendências esquerdistas, "desde que ele não se utilize da sua função para fazer proselitismo".

A DIFÍCIL ARTE - Em geral, os militares explicam mais facilmente do que os políticos a sua passagem pelo governo. Em declarações a Gilberto Pauletti, repórter de VEJA, o comandante do III Exército, General Breno Borges Fortes, assinalou: "Concordo em que muitos militares chamados a exercer cargos na administração pública têm desempenhado suas novas funções com grande sucesso, embora tratando de assuntos completamente estranhos à sua profissão específica. Creio que a estranheza que isso provoca é causada, muitas vezes, por não estarem bem informados sobre a formação e as atividades normais dos militares. Citemos algumas particularidades: em primeiro lugar, o militar tem uma formação universitária - o que lhe dá a indispensável visão de conjunto; em segundo lugar, mas não menos importante, sua função normal de comando nos diversos escalões permite que se exercite desde jovem na difícil arte de chefiar".

O General Breno Borges Fortes, ressalta, ainda, duas características da formação militar que facilitam a adaptação às novas funções: "Ao assumir qualquer nova função, nossa preocupação básica é saber o que se deseja, qual a finalidade a atingir, e procurar trabalhar exclusivamente para esse fim, sem outros desvios e preocupações. A interpretação correta da missão é isso. A disciplina intelectual significa trabalhar exatamente dentro da idéia decidida pelo chefe, embora, às vezes, não concordemos integralmente com a decisão tomada. Face a estas considerações, julgo que não deve causar admiração o sucesso obtido por militares em funções de administração pública".

A BOA MISTURA - Como age um militar na função pública? Ao chegar à Presidência da República, o Marechal Castelo Branco procurou cercar-se de assessores mais experientes na administração pública, tanto militares como civis. Um seu auxiliar direto ouviu do presidente como ele tomava as suas decisões: "O Dr. Roberto Campos me traz conhecimento - articulado, exato e profundo; o General Geisel (Ernesto, atual presidente da Petrobrás) me dá julgamento de valor, sempre tem uma opinião sobre os assuntos; o Golbery (então chefe do SNI) me dá o reverso da medalha, é sempre bom para crítica e informação; e o Dr. Luís Viana (atual governador da Bahia) me dá o estilo". Apesar de sua relativa inexperiência, Castelo Branco tornou-se "algo de inesperado em política", segundo explicou o ex-ministro Roberto Campos: "Como oficial de estafe, ele tinha uma aguda experiência de análise, um insuspeitado 'jeito' para o convívio político e uma extraordinária capacidade de localizar a veia jugular no corpo da ciência econômica".

Os instrumentos poderosos que a Revolução colocou nas mãos dos seus três governos contribuíram para facilitar a ação governamental, especialmente na área econômica. "Houve casos em que a firmeza do Presidente Castelo Branco em apoiar o saneamento financeiro foi importante", comenta Roberto Campos, enumerando as medidas impopulares adotadas em 1965, tais como o chamado "arrocho salarial", a substituição da estabilidade pelo Fundo de Garantia e a reforma agrária, "hostilizada por boa parte da liderança rural e da burguesia industrial, que haviam dado grande apoio à Revolução".

A FORÇA DA INDEPENDÊNCIA - Para o atual ministro da Fazenda, Delfim Netto, os militares estão capacitados a adotar soluções aos problemas nacionais, principalmente por serem desvinculados de grupos econômicos. "Que ministro da Fazenda poderia ter enfrentado os banqueiros, como ele fez, e continuar no cargo", observou um velho funcionário do Ministério da Fazenda. Segundo o ministro da Fazenda, os militares traçaram com nitidez e convicção as metas para um desenvolvimento com estabilidade externa e melhor distribuição de renda nacional. E os êxitos da política econômica desde 1964 - redução da inflação de 85% para os 18% esperados este ano, crescimento econômico de 7% ao ano, 760 milhões de dólares em reservas cambiais em 1969 - podem ser atribuídos à coerência e à firmeza com que os militares perseguiram aquelas metas econômico-sociais. Sem a centralização do poder praticada na URSS, os militares optaram por um modelo misto, que concilia a liberdade com a intervenção estatal nos setores de segurança nacional (telecomunicações, transportes, energia elétrica, etc.), ficando ainda nas mãos do Estado cerca de 70% dos depósitos bancários do país. Esse apoio da Revolução às medidas de recuperação financeira e contenção econômica se deu mesmo quando não havia unanimidade entre os militares sobre certas medidas. "No início, alguns setores militares ficaram preocupados com as medidas do governo, que não refletiam a tendência de desenvolvimento e, sim, de controle de inflação", diz o ex-ministro da Fazenda do governo Castelo Branco, Otávio Gouvêa de Bulhões.

A HERANÇA DA FORMAÇÃO - Depois de doze anos em cargos civis, o atual ministro do Interior, General Costa Cavalcanti, 52 anos, antigo secretário da Segurança de Pernambuco (onde combateu as Ligas Camponesas) e deputado federal, não se considera um militar na política, "mas um administrador com experiência política". Tido como um dos coronéis "linha dura" de 1964, oficial colocado em primeiro lugar na sua turma da ECEME, ele diz que os militares em funções executivas levam para os cargos a herança da formação militar, como a disciplina e o método cartesiano de trabalho, que consiste em colocar os problemas, examinar as alternativas possíveis e meios disponíveis, para só depois adotar uma decisão. Durante um dia inteiro, o chefe da sucursal de VEJA em Brasília, Luiz Gutemberg, acompanhou a rotina de trabalho do Ministro Costa Cavalcanti, constatando que os seus hábitos puramente militares (a disciplina nos horários, a formação de pequenas equipes, a cobrança das tarefas distribuídas e o poder de decisão final jamais delegado) continuam sendo os mesmos do ministro. Algumas idéias e posições políticas de Costa Cavalcanti: "Sou nacionalista, sim, mas sem aspas; eu não admitiria nunca ter entre os meus auxiliares um esquerdista; sou contra o barateamento do conceito de segurança nacional; não há dúvida de que a maioria do Exército deseja a democracia: mas que essa democracia plena venha progressivamente, que não avancemos três passos para recuar cinco".

O PONTO DE ATRITO - A presença dos militares no poder não significa, apenas, o contato com a administração pública. Ela inclui, também, a questão do relacionamento dos militares com a classe política, que, até 1964, detinha o maior controle do poder. É nesse plano que parece estar o maior ponto de atrito e de críticas. A origem do atrito parece ser a formação militar, baseada na disciplina e na hierarquia, que difere da liberalidade que cerca o Exército da atividade política. "Devido à nossa formação", diz o Coronel Rubens Resstel, 47 anos, veterano de campanha da Itália e atual comandante da guarnição militar de Campinas (SP), "procuramos projetar sobre o político nosso próprio código de ética e é por isso que não está havendo sintonia entre militares e civis." Para o novo presidente da Câmara, Deputado Geraldo Freire, a ascensão dos militares ao poder provocou, de fato, mudança no comportamento da classe política. E observa: "Mas os militares estão se conduzindo muito bem, embora os métodos empregados às vezes se choquem com os hábitos da classe política".

AS EXPRESSÕES DESCONHECIDAS - Por que os métodos chocam a classe política? A resposta pode estar mais no tipo de problema colocado pelos militares do que propriamente na sua forma de agir no governo. Até 1964, a opinião pública brasileira praticamente desconhecia certos temas que passaram a ser incorporados à linguagem dos três governos da Revolução: segurança nacional, planejamento estratégico, guerra revolucionária.. "Durante toda a sua formação", diz o General Rui de Paula Couto, 54 anos, chefe do Estado-Maior do III Exército, "os militares são alertados para os grandes problemas internacionais. Em razão disso, têm maiores facilidades para perceber as manobras sutis dos inimigos que procuram a dominação mundial." Segundo o General Paula Couto, essas manobras não seriam notadas pelas elites civis, o que obrigaria à intervenção dos militares - "uma intervenção absolutamente transitória".

UMA EXPERIÊNCIA INÉDITA - Sensíveis aos problemas do subdesenvolvimento por serem oriundos de camadas sociais pobres ou da classe média, formados dentro da disciplina e da hierarquia, e educados para cumprir missões, os militares praticam há seis anos uma experiência de governo inédita na história do país. A classe política dividiu-se e naufragou por suas próprias limitações e vícios. Para alguns setores, os militares representam uma intromissão estranha, que modifica radicalmente o livre jogo social, econômico e político; para outros, ao contrário, a intervenção dos militares é recebida como a última - e única - alternativa à preservação do regime. E para a grande maioria das próprias Forças Armadas, o exercício do poder é tarefa da qual pretendem se desembaraçar um dia, entregando-o novamente a uma classe política renovada nos seus costumes. Mas até chegar esse dia - o Presidente Médici manifestou a esperança de que possa surgir até o fim de seu governo -, os militares continuarão a exercer o poder político com o mesmo sentido de missão a cumprir que um jovem oficial cultiva, comandando uma companhia de fronteira, ou que um velho general aplica no último posto de comando.

 

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