25 DE AGOSTO
Desde então, pus-me a pensar! Onde está o meu Exército? O que estão fazendo com ele? Lembro-me que na Revolução de 1964, quando na Escola de Sargentos das Armas, onde servia como instrutor do Curso de Artilharia, dentro da minha modéstia de um orgulhoso Primeiro Tenente, fiz a minha parte para combater a subversão, a indisciplina, o desrespeito à hierarquia e aquele mal que chamávamos de corrupção.
Naquele movimento glorioso, que hoje não encontra ninguém com um mínimo de coragem para defendê-lo, fiz a minha parte para depor um irresponsável, sem, contudo estar de acordo com a continuidade dos governos militares e com a tortura que durante alguns anos foi praticada, em nome da defesa do regime democrático.
Afinal, o vilipêndio que o meu Exército tem sofrido, os ataques covardes que tem recebido, as agressões por meio de ações, gestos e palavras vindas daqueles que não conhecem sua história gloriosa, ou daqueles que muito bem a conhecem mas o agridem, exatamente, porque sabem que somos melhores e por esta razão sentem a terrível dor da inveja, nada disso estaria acontecendo hoje, se, ao final do primeiro governo militar, tivessem devolvido o poder aos civis, depois de darem um fim naquela corja, em vez de permitirem sua volta ao Brasil, onde alguns sobreviventes, até hoje ai estão, dedicados ao revanchismo, que a anistia não conseguiu abolir.
Basta lembrar da revolução de Fidel, onde "El paredon" não deixou adversários para contestar o grande ditador.
Hoje, vejo com imensa tristeza que a corrupção daquela época não representava um décimo, da que hoje é praticada pelo Sr Lula e sua quadrilha.
Longe de mim fazer aqui a apologia do golpe, pois entendo que a pior democracia sempre é melhor do que o melhor regime ditatorial.
Mas o que fazemos nós? Onde estão aqueles que se intitulam chefes militares? Onde está o amor pela farda verde oliva? Onde está o meu Exército? Está na farda aviltada do honrado soldado brasileiro, que usaram, mais de uma vez, para vestir num joão bobo travestido de Ministro da Defesa? (não tenho conseguido ver pela televisão, se é de General ou de um soldado recruta) – não importa! A honra não tem posto ou graduação; O que pensam essas pessoas autoras dessa triste iniciativa? Por que a farda que tanto amo foi posta no corpo de um paisano que não tem a mínima idéia do que representa a honra de ser soldado? Onde está o meu Exército? Está nas três gemadas sujas de Coronel que concederam a um covarde assassino que chefiou o massacre de colegas de farda, no dia 27 de novembro de 1935, e que hoje, assim como o traidor e desertor Lamarca, ostenta o mesmo posto que conquistei, depois de mais de trinta anos de serviço, de dedicação e de amor ao meu querido Exército? Não! A minha farda, que ainda pretendo trajar pela última vez, quando estiver, orgulhosamente, pelas mãos de meus amigos e de minha família, a caminho de minha última e definitiva morada, não tem manchas! É pura! È limpa! Vivi e morrerei com honra! Sou apenas um velho soldado, mas honrado. Minha honra nunca esteve e não está à venda! Minha farda ostenta o mesmo brilho desde quando, com o espadim de Caxias em punho, jurei defender a minha pátria com o sacrifício de minha própria vida.
Eles que me desculpem, mas não entendem esta linguagem.
Não aceito, embora nada de concreto possa fazer, que esses bandidos, pelas mãos de outros mais bandidos que eles, ostentem nos ombros as mesmas estrelas que meu Exército me concedeu.
Ao me recordar que me foi concedida a honra de assinar o "Livro de Honra" na Academia Militar das Agulhas Negras, por não ter sofrido nenhuma punição como Cadete;
Ao me recordar que me foi concedida a honra de fazer provas no Curso de Artilharia da AMAN, sem necessitar de um Oficial para fiscalizar, porque a minha honra não me deixava colar;
Ao me ver há 50 anos, como Cadete do terceiro ano do Curso de Artilharia, montando um orgulhoso cavalo da parelha tronco, tracionando um Krupp C 26, às três horas da madrugada, pelos campos da Fazenda da AMAN, completamente molhado por uma chuva torrencial, confundia-se em minha mente o amor à minha arma, com o cheiro sublime do suor daquele bravo companheiro, misturado à água que lhe corria pelo corpo, com os olhos rasos d'água, pela emoção que me inundava a alma, cantando, a plenos pulmões, a Canção da minha Artilharia;
Naquele dia certifiquei-me que estava pronto para morrer pelo meu Exército.
Alguém poderá dizer: Coitado, vive de recordações. Exatamente! Doces e belas recordações; são elas que me embalam nas minhas angústias ao ver o meu Exército pisado e enxovalhado, são elas que me alimentam e que me dão força para continuar a te amar meu Exército querido.
Ao me recordar que durante esses anos todos nunca sofri nenhuma punição, uma repreensão sequer; - Ponho-me a meditar: Do que valeu tanto brio? Do que valeu tanta vergonha na cara? Valeu-me o orgulho de poder dizer que as minhas estrelas foi o meu querido Exército que as colocou no meu ombro. Valeu-me o consolo de continuar amando obstinadamente o meu Exército. Hoje, amanhã, além da vida: Na eternidade.
Brasília, 20 de outubro de 2007.
Coronel de Artilharia do Exército Brasileiro
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