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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

13.11.07

Uma Marinha de quarta geração para o Brasil

Nos conflitos interestatais do Século XXI, a vitória será geralmente obtida por forças não-convencionais (ou por elementos não-estatais), empregando métodos e táticas da guerra de quarta geração (G4G). Os Estados derrotados (e às vezes até os vencedores) se desintegrarão, tornando-se “Estados fracassados”.
 
Num sistema de Estados progressivamente mais fracos, a importância do transporte aquaviário (marítimo, fluvial e lacustre) aumentará. A terra se tornará cada vez mais perigosa, mas a água continuará a servir como “estrada líquida” segura, para a circulação de mercadorias e pessoas.
 
O Poder Naval deverá controlar não só áreas marítimas, mas bacias hidrográficas – empregando grande número de unidades de menor porte, capazes de operar em águas costeiras ou fluviais. Tais unidades não dispensarão o apoio de navios maiores, capazes de operar, por períodos de tempo prolongados, ao largo do litoral de um país conflagrado.
 
Tal visão poderá se materializar, mormente em regiões onde a presença efetiva do Estado é débil ou inexistente. É o caso da área de instabilidade do “novo mapa do Pentágono”, que se estende do noroeste da América do Sul à África, ao Oriente Médio, à Ásia Meridional e ao Sudeste Asiático.
 
O entorno estratégico do Brasil – que inclui a América do Sul, o Atlântico Sul, a África Ocidental e Meridional e os países de língua portuguesa – está quase todo localizado dentro dessa área marcada por conflitos, onde diversos países podem vir a se transformar em “Estados fracassados”.
 
No Século XXI, o possível envolvimento do Brasil em conflitos interestatais poderia resultar – mesmo em caso de vitória – num colapso do Estado. Portanto, um pressuposto básico de nossa política de defesa deve ser a necessidade de evitar tais conflitos – ou procurar mantê-los longe do território nacional.
 
As Forças Armadas não podem ser transformadas em forças especiais ou de segurança interna, para combate ao terrorismo e a outras ameaças não-convencionais. Uma capacidade militar polivalente de pronto emprego será essencial – para fins de dissuasão assim como de defesa.
 
O Brasil deverá desenvolver a capacidade expedicionária de suas Forças Armadas. Deverá dispor de um Poder Naval capaz de operar nas águas jurisdicionais brasileiras e em toda a extensão do Atlântico Sul, assim como nas bacias fluviais do Amazonas e do Prata.
 
Nossa “Marinha de quarta geração” deverá ser capaz de realizar operações nas quais o “inimigo” não é um Estado organizado – como as de interdição marítima ou de combate à pirataria, nas águas próximas do litoral de países situados no nosso entorno estratégico. O colapso do Estado em tais países representaria grave ameaça à nossa segurança.
 
Em países à beira de um colapso, a atuação de uma força de paz poderia assegurar as condições mínimas de segurança interna, para o funcionamento do governo local ou de uma missão das Nações Unidas. O emprego da força, nestes casos, não visaria à obtenção da “vitória”.
 
Nossa Marinha deverá manter uma adequada capacidade anfíbia – para desempenhar ações humanitárias e apoiar operações de paz ou para projetar o Poder Naval sobre terra. Tal capacidade incluirá a tropa de desembarque de fuzileiros navais, assim como os meios flutuantes e aéreos empregados nas operações anfíbias.
 
Atualmente, os navios de assalto anfíbio, assim como os navios-aeródromo (NAe), são unidades de maior valor (UMV) no âmbito de uma força naval. Estas classes de navios constituem “sistemas de arquitetura aberta”, especialmente adequados às operações de tipo expedicionário – nas quais a versatilidade e a adaptabilidade dos meios são essenciais.
 
Os navios de escolta – indispensáveis em qualquer tipo de operação naval – são igualmente essenciais. Os submarinos são valiosos, por sua capacidade de realizar missões de inteligência, como as de reconhecimento e de infiltração ou extração de agentes. A ampliação da capacidade de apoio móvel e de reabastecimento no mar permitirá que as unidades operem em áreas marítimas distantes por períodos de tempo relativamente longos.
 
Os meios de contramedidas de guerra de minas também merecem destaque. Estes meios (assim como os de patrulha naval) são otimizados para operações em águas próximas do litoral, mas poderão ser empregados em operações no exterior – se dispuserem do apoio móvel necessário. Nossa Marinha deverá também dispor de uma adequada capacidade de comando, controle, comunicações e inteligência (C3I).
 
Os meios necessários deverão, sempre que possível, ser produzidos no Brasil – empregando tecnologia própria ou cuja obtenção não esteja sujeita a veto político. Entretanto, tais meios serão inúteis, a menos que sejam operados e mantidos por pessoal altamente qualificado e motivado. Os recursos humanos são o componente crítico da G4G.
 
A “leitura heterodoxa” de fontes e autores estrangeiros é uma modalidade de produção intelectual divergente extremamente útil. No Brasil, o mimetismo cultural e a produção convergente constituem regra geral. Isto cria sérios inconvenientes, pois acabamos por copiar soluções importadas, nem sempre aplicáveis à nossa realidade.
 
Por EDUARDO ITALO PESCE
Especialista em Relações Internacionais, professor no Centro de Produção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CEPUERJ) e colaborador permanente do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Escola de Guerra Naval (CEPE/EGN).

Artigo disponibilizado pelo Monitor Mercantil Digital em 09/11/2007 e publicado no Monitor Mercantil de 10, 11 e 12/11/2007, pág. 2 (Opinião).


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