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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

2.9.07

O que é guerra de quarta geração?

Publicado no Monitor Mercantil 31/08, 01/09 e 02/09/07
 

O que é guerra de quarta geração?

O termo "guerra de quarta geração" vem sendo empregado para designar o conflito multidimensional, envolvendo ações em terra, no mar, no ar, no espaço exterior, no espectro eletromagnético e no ciberespaço. Nesse novo contexto estratégico, o "inimigo" pode não ser um Estado organizado, mas um grupo terrorista ou outra organização criminosa qualquer.
Mas o que significa exatamente guerra de quarta geração, e quais foram (ou são) as três primeiras gerações da guerra? Em última análise, a guerra de quarta geração (G4G) significa a perda, pelo Estado, do monopólio dos conflitos armados. Este monopólio resultou do Tratado de Westfália de 1648, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos.
A partir daquele tratado, que também marcou o fim das guerras privadas e o declínio das tropas de mercenários, desenvolveram-se os modernos Estados nacionais soberanos - com seus Exércitos e suas Marinhas permanentes - e as várias gerações de conflitos interestatais, assim como as relações internacionais na forma que conhecemos.
A guerra de primeira geração (G1G), que perdurou da segunda metade do século XVII até meados do século XIX, caracterizou-se pela rigidez das táticas e formações lineares, em terra ou no mar.
A Revolução Industrial tornaria tais métodos de combate obsoletos, dando origem à guerra de segunda geração (G2G), a qual incorporou o poder de fogo dos novos armamentos, produzidos em massa pelas indústrias.
A evolução da G2G culminou com a Primeira Guerra Mundial. Durante aquele conflito, foram empregados os instrumentos que permitiriam o desenvolvimento da guerra de terceira geração (G3G), como o carro de combate, o submarino e a aviação. A G3G mudaria a orientação das táticas militares, do poder de fogo para a combinação de movimento e fogo - isto é, do atrito para a manobra.
Desde a Segunda Guerra Mundial, as táticas e doutrinas da G2G e da G3G coexistem nas Forças Armadas de quase todos os países do mundo. O Brasil também assimilou tais ensinamentos, por influência estrangeira (inicialmente francesa e posteriormente norte-americana) e pela experiência de combate das Forças Armadas brasileiras durante aquele conflito.
Os conflitos periféricos do período da Guerra Fria levariam ao desenvolvimento da guerra de quarta geração (G4G). O surgimento das armas nucleares em 1945 contribuiu para tornar a guerra entre grandes potências demasiadamente perigosa. Desde então, os conflitos locais ou regionais (envolvendo inclusive atores não-estatais) vêm proliferando e tendem a ser cada vez mais comuns.
O terrorismo dito "fundamentalista" é uma das manifestações de tal fenômeno. Os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001, constituem um ponto de virada fundamental, na trajetória dos conflitos de quarta geração. Desde então, o mundo tem vivido uma espécie de "conflito de baixa intensidade permanente", sujeito a surtos periódicos de média ou alta intensidade.
O terrorismo internacional é uma ameaça a ser combatida pelos órgãos de inteligência e segurança dos Estados, e não pelo emprego de força militar convencional. As invasões do Afeganistão e do Iraque, por coalizões lideradas pelos Estados Unidos, são dois exemplos de emprego mal-sucedido das Forças Armadas contra ameaças terroristas (reais ou não), que resultaram num agravamento do problema.
Ao invadir países periféricos e destruir seu Estado, eliminando o precário equilíbrio de forças interno, a superpotência hegemônica e seus aliados estabelecem o caos no território desses países e criam condições propícias à proliferação de grupos insurgentes de quarta geração. O Estado, ainda que em condições precárias de funcionamento, deve ser preservado - pois é uma barreira entre a civilização e a barbárie.
A destruição de um Estado pode ser conseguida - intencionalmente ou não - por outros meios que não os militares. A fim de "conquistar" um país, é possível destruir sua economia e seu sistema político, assim como sua coesão interna e sua identidade cultural, sem necessidade de empregar força militar.
No contexto da G4G, os ataques à segurança de um Estado podem partir de outros Estados, mas também de conglomerados multinacionais, organizações terroristas ou cartéis de narcotraficantes. Desse modo, uma coalizão de facções ideológicas ou criminosas - com ramificações internas e externas - poderia "declarar guerra" ao Estado brasileiro. Será que o Brasil estaria preparado para tal possibilidade?
Este tipo de conflito é uma guerra sem escrúpulos - na qual o alvo pode ser qualquer um, não importando as consequências. Consequentemente, é uma guerra sem ética e sem honra, baseada frequentemente na covardia. É também uma guerra sem "critério de parada" - pois nela não existe convicção de derrota, nem há ninguém para capitular.
Finalmente, a G4G é uma guerra sem limites - na qual perdem validade prática as Convenções de Genebra e as normas da Organização das Nações Unidas (ONU), e não há ninguém (leia-se, nenhum Estado) para assumir a responsabilidade pelos excessos cometidos. Como diria Hobbes, é a "guerra de todos contra todos".
Eduardo Italo Pesce
Especialista em Relações Internacionais e professor no Centro de Produção da UERJ.
Iberê Mariano da Silva
General-de-brigada engenheiro militar do Exército Brasileiro, na reserva. 

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